Chegou ali sorrateiramente e sem avisar. Ao perceber o ambiente inóspito, amuou-se, mas mesmo assim, aos poucos, foi ganhando confiança e terreno. Evidentemente, não demorou muito para que sua presença fosse notada. Infelizmente, ainda hoje, nestes casos, por muitas pessoas essas gracinhas são vistas como afronta. As piadinhas foram inevitáveis. O diferente sempre causa incômodo e rebuliço. Os alunos, já cientes da exótica presença, passaram a oprimi-lo e persegui-lo. Não demorou muito e a equipe gestora tomou conhecimento do "estranho" caso. Daquela maneira, dadas as circunstâncias, era realmente um problema a ser resolvido. Olhares curiosos, arredios e espantados o perseguiam por todos os recônditos escolares. O comportamento dele, mediante a tantas ameaças também se alterou. Ao revidar as provocações, acendeu ainda mais a ira do alunado. Agora era questão de honra para os "machões" darem-lhe uma lição. Todos queriam pegá-lo, de um jeito ou de outro. Mesmo acuado, a vítima não entregava os pontos e não se deixava abater. Não esmoreceu diante de mais uma adversidade. Em certo momento, a situação ficou insustentável. Um dos jovens, com vigor o perseguiu impiedosa e bullyneamente. Eram obstinados e numerosos os adversários. Agiam como caçadores sedentos pela caça. Armaram então um emboscada e o cercaram num canto qualquer. Esbaforido e receoso ele se machucou ao bater contra a grade, numa tentativa desesperada de fugir daquele cerco. Tava na cara que ia dar polícia maquela confusão! Uma escola inteira em pleno alvoroço. Eram todos contra um! Enfim, os policiais chegaram e para sua segurança o retiraram do recinto. Pasme, leitor! Mas era o que deveria ser feito. A turma de estudantes estava em vitorioso êxtase. Finalmente aquele cervo do campo, o qual ninguém sabe como foi parar ali naquela escola, em pleno perímetro urbano, foi pego. Os militares do meio ambiente o conduziram em segurança de volta ao seu habitat. A galera inteira queria isso e aplaudiu a captura e a devolução forçosa à natureza. A juventude assimilou muito bem a necessidade de preservação das espécies e do nosso planeta. Contudo, muitos preconceitos e curiosidades estranhas ainda se mostram vivos em nós, meros e imperfeitos humanos. Vai negar, caro leitor, que o título proposital não suscitou curiosidade em você? Porém, diferentemente do que deve ter pensado, dessa vez, o veado era simplesmente um mamífero, quadrúpede e indefeso. Eis o bichinho na foto abaixo e abaixo a homofobia!
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