terça-feira, 25 de julho de 2006

PALAVRAS


soltas ao vento
capturadas pelo papel
doces ao pé-do-ouvido
ou amargas como fel

ferem como flechas
cativam como flores
traem, abrem brechas
ou eternizam amores

libertas pela voz
musicadas numa canção
mudas, nulas, sós
emanadas da multidão

revelam o encoberto
manipulam a massa
reforçam o que é correto (e o que é correto?)
Palavras ficam; o homem passa!

(Sérgio Silva, in Vim, Vi e Escrevi, 2006.)

segunda-feira, 24 de julho de 2006

SOCORRO!


Socorro! Brada o povo do morro.
Mas, de onde virá o socorro?!
Um diz: não sei se fico ou se corro.
O outro: não sei se vivo ou se morro.

Socorro! Brada o povo do asfalto.
Virá o socorro antes do assalto?!
Um diz: astral pra baixo; mãos pro alto!
O outro: nem bandido pode andar incauto.

Socorro! Murmura o povo do poder.
Juram que o socorro não pára de socorrer! (?)
Um diz: não podemos nos render.
O outro: esta guerra, nós vamos vencer.

Socorro! Brada o povo comandado.
Virá socorro para o desempregado?!
Um diz: bem faria, se não tivesse votado.
O outro: bem faria, se tivesse me matado!

Socorro! Entoa todo o povo brasileiro!
Mas, e o socorro? Trancou-se no banheiro?!
Um diz: ele só ouve a voz do dinheiro.
O outro: resta-nos rezar ao padroeiro!

(Sérgio Silva, in Vim, Vi e Escrevi, 2006)