terça-feira, 1 de agosto de 2017

O PROFESSOR E A LARANJA


A imagem de um professor e uma maçã é muito comum em nosso imaginário desde a infância. Todavia, associar o mestre a uma laranja é algo pouco usual, embora seja interessante observar os fenômenos naturais e compará-los às atividades humanas. É surpreendente como essas metáforas podem nos auxiliar a refletir sobre posturas, ações e decisões. Com base numa laranja e no ato de chupá-la,  em todos os movimentos, espremidas e sugadas necessárias para se obter seu sumo, rico em vitamina C e frutose, tão importantes para a boa nutrição de nosso organismo, é possível tecer uma modesta analogia sobre o papel do professor na escola. Se tomarmos o professor como uma laranja e a escola e seus alunos como consumidores ávidos por seu delicioso suco do saber, a imagem que temos é de um profissional descascado, espremido e sugado até ás ultimas gotas no seu desgastante trabalho intelectual e pedagógico. As demandas da escola e os processos de ensino-aprendizagem minam as forças diárias de todo docente. A rotina diária da maioria dos professores brasileiros se dão em duas ou três escolas diferentes e isso, por si só, faz com que essa "laranja" seja literalmente virada do avesso ao final de sua jornada diária, reduzindo-o a um mero bagaço humano. Por tudo isso, o professor precisa se recompor continuamente. Ele(a) precisa se refazer, restabelecer o equilíbrio emocional e repor ordenadamente as energias. Como se não bastasse tamanha tarefa, cabe a esses profissionais alimentar os seus "alvéolos" com mais conhecimento, atualizando-o, acumulando-o e o redistribuindo por meio da partilha em sala de aula, sob o risco de tornar-se, com o passar do tempo e as agruras da profissão, uma laranja seca, azeda e com pouco conteúdo a oferecer.

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