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Sérgio Silva
Os homens passam, as palavras ficam!
sexta-feira, 1 de abril de 2022
quarta-feira, 28 de agosto de 2019
Canção dos Cyberotários
Minha terra tem pessoas
que adoram digifofocar
falam disso e daquilo
sem sequer, poder provar
e no face elas passam
vergonha e dissabores
em debates e postagens
disseminam seus rancores
Sozinhas ou em grupo
elas vomitam ignorância
com ar de superioridade
adubada com arrogância
sem ter lido ou estudado
com o youtube se deformam
no twitter se academizam
e na unizap se formam
discutem com especialistas
gente fina e estudada
navegando só na superfície
da internet ignorantada
É tanta vergonha alheia
nos mais loucos comentários
a grande rede é terra livre
solo fértil para cyberotários
que adoram digifofocar
falam disso e daquilo
sem sequer, poder provar
e no face elas passam
vergonha e dissabores
em debates e postagens
disseminam seus rancores
Sozinhas ou em grupo
elas vomitam ignorância
com ar de superioridade
adubada com arrogância
sem ter lido ou estudado
com o youtube se deformam
no twitter se academizam
e na unizap se formam
discutem com especialistas
gente fina e estudada
navegando só na superfície
da internet ignorantada
É tanta vergonha alheia
nos mais loucos comentários
a grande rede é terra livre
solo fértil para cyberotários
quarta-feira, 21 de agosto de 2019
NÃO DOU AULAS: EU AS VENDO!
Não se trata de preciosismo, mercenarismo ou extremo apego ao dinheiro. Pelo contrário! Trata-se de resgatar a prática dos filósofos sofistas que, ainda na Grécia Antiga, recebiam por suas atividades pedagógicas. Precisamos valorizar um trabalho que, como tantos outros é remunerado. Bem mal remunerado, diga-se de passagem. Contudo, receber pouco por ele é muito diferente de exercê-lo gratuita ou voluntariamente.
A Educação Pública Brasileira é gratuita até então, pois os ventos atuais prenunciam mudanças catastróficas e privatizantes nesta importante área social. Porém, o trabalho do professor não é e nunca foi gratuito. Ele é remunerado. Como tantos profissionais, os professores estudam e se preparam para exercerem suas atividades em sala de aula. São técnicos do conhecimento em diferentes áreas e disciplinas e recebem por isso.
A expressão "dar aulas" é por si só contraditória em sua essência. Segundo o senso comum nosso de todo dia, tudo o que é de graça não apresenta valor, qualidade,consideração ou apreço. Afinal, de graça, "até injeção na testa". Os professores, infelizmente, também assumiram para si a desvalorização pecuniária da sua profissão. Repetem incansavelmente esse mantra que ajuda a perpetuar o sucateamento educacional do país. Assumir inconsequentemente que dá aulas em nada ajudasse a prosperar o nosso tão baixo status, rebaixado ainda mais, a inimigo número um da nação, nos últimos tempos.
Como professor que buscamos a conscientização das pessoas acerca da importância do conhecimento e de nosso ofício perante às futuras gerações, faço coro à fecunda voz de Darcy Ribeiro: "a crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto". Este projeto visa manter os professores cada vez mais "dando aulas" e não as comercializando, por um valor justo e por meio meio de uma relação trabalhista digna e saudável.
Eu não sei você, colega professor. O fato é que desde o início nunca dei aulas; sempre as vendi. Vendi-as por valores muito abaixo do que elas valem, é verdade. Mas, entre dá-las e vendê-las, há uma diferença abissal: aquela que valoriza o seu próprio trabalho e de sua tão fragilizada e combalida classe profissional.
terça-feira, 18 de setembro de 2018
ESTAMOS EM LUTO
Numa
pequena cidade chamada Eternidade, curiosamente, há mais de dez anos não
falecia ninguém. A falta de defuntos e até mesmo candidatos a tal, trouxe
enormes prejuízos para os negócios de Vivaldo, o dono da modesta funerária Só
Falta Você, único empreendimento mortuário do município.
O
proprietário - que por sinal era muito mesquinho - andava repleto de pendengas
com os seus credores devido a ausências de mortes na localidade. O homenzinho
vivia agourando os doentes, torcendo para que agravassem seus estados de saúde
e findassem suas jornadas na terra. O tal empresário incitava desentendimentos,
brigas e desavenças pelos bares e ruas da cidade, a fim de que alguém com
sangue nos olhos desse cabo em outrem. Como se não bastasse, bastava saber de
um moribundo, no morre-não-morre, que Vivaldo recorria a rezas e simpatias para
apressar a passagem desta para melhor, de um próximo e eventual freguês.
O
fato é que por ali o tempo passava, mas não a morte. Nem mesmo os desenganados
pelos médicos desencarnavam em Eternidade. No auge do seu desespero, Vivaldo
teve o disparate de procurar o prefeito – autoridade máxima local - e propor a
descabida ideia de se limitar, por meio de uma macabra lei, o prazo de vida dos
munícipes, o qual não deveria ultrapassar 70 anos, sob o pretexto de se
economizar assim, verbas da saúde e de demais setores da administração
municipal.
Ciente
dos danos político-eleitorais, que o nefasto decreto e a tresloucada e antipática
medida traria, caso fosse implantada, o prefeito foi mais vivo que Vivaldo, e
não quis saber de morte em seus despachos. Mas, tamanha era a obsessão daquele
homem por um cadáver, que sua ânsia o consumia vorazmente. Ao final de cada
expediente, sem ninguém para enterrar, dia após dia, o homem foi se afundando
em tristeza. Vivaldo foi definhando, definhando, definhando. Primeiro o sorriso
lhe sumiu do rosto. Depois, a voz da garganta. Em seguida, a força das pernas e,
por fim, a pouca lucidez que ainda lhe restara na mente.
Não
houve outro jeito a não ser internar Vivaldo às pressas. Pouco tempo, após o
seu ingresso no hospital da cidade, morria de causas desconhecidas o fúnebre
agente daquela cidade. Por ironia ou capricho do destino, a morte encerrou os
mórbidos negócios do mais recente defunto, após tantos anos. De funerarista a
cliente: eis o fim de Vivaldo. Com o enterro do próprio proprietário, morreu
também a combalida funerária e Eternidade seguiu fazendo jus ao seu curioso
nome.
quinta-feira, 28 de junho de 2018
DEGRADAÇÃO
Malas, valises
Cuecas, reprises,
Desvios, desmandes,
Intrigas e crises.
Truques e tramas,
Podres poderes,
tropeços, trapaças,
lutas de quereres.
Grana, dinheiro,
gana, influência
status, matreiros
e inconseqüência.
nada se muda,
tudo permanece,
um pouco desfruta,
E o povo padece.
terça-feira, 26 de junho de 2018
segunda-feira, 4 de junho de 2018
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